sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Chile deve a ele


Não é de hoje que vinhos da chilena Viña Montes fazem sucesso. O reputado Montes Alpha é um deles e sempre que alguém escreve sobre esse rótulo evoca os 90 pontos dados por Robert Parker, crítico cuja opinião pode empurrar um produto para o topo ou jogá-lo no mais profundo dos abismos. O sujeito é uma lenda no meio e por muito tempo ignorou os vinhos do Novo Mundo, o que inclui Chile e Argentina (ele simplesmente desconhece que o Brasil produza vinhos). Enfim, é arrogante ao extremo. Sobre a Viña Montes, é importante que se diga que há um ano morreu seu fundador, Douglas Murray, vítima de câncer. Ele criou a vinícola em 1987, junto com o enólogo Aurélio Montes, hoje à frente do negócio. Murray se tornou um ferrenho defensor dos vinhos chilenos no mundo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Preciosidade argentina


Quem toma vinho não tem dúvida: rótulo assinado pela Catena está entre os mais prestigiados da Argentina. Dia desses alongo-me nessa história, mas evoco aqui um vinho específico do gigantesco portfólio da bodega até como uma homenagem a alguns amigos, que reverenciam esse rótulo. O D.V. Catena, em particular o Syrah, é uma dessas preciosidades que vale cada centavo (R$ 100, em média). O DN remete a Domingo Vicente, um dos membros do clã Catena, nome que figura na elite do winemakers argentinos (a expressão inglesa é execrada pelos patrícios... rsss). Em tempo: Domingo Catena casou-se em 1934 com Angélica Zapata, dando origem à clássica bodega. Caso seja observador, verá essa informação no rótulo do DV.

Julgamento histórico


Não vou dar muitos detalhes sobre esse filme, mas recomendo para quem está disposto a entender um pouco mais sobre a história recente do vinho - e como os franceses, do alto de sua arrogância enológica, tomaram 'uma volta' dos californianos. Aliás, aproveito para sugerir que dia desses você junte um grupo de amigos metidos a entendedores de vinho e faça uma degustação às cegas, aquela em que não se visualiza o rótulo. Aproveite e misture entre os vinhos algumas porcarias de R$ 5 a garrafa. Vai se surpreender com o resultado. Isso tem muito a ver com a história desse filme. Boa diversão!

Português pra inglês ver


Pêra Manca é um rotulo português que se esforça para ficar no topo. Consegue mais pela tradição do que pela qualidade. Quem já desembolsou cerca de R$ 500 por uma garrafa ficou com a impressão de que foi enganado. Para apreciá-lo é preciso se desfazer do rigor e relaxar. Aliás, as castas portuguesas não me encantam – nem surpreendem: tenho sempre a impressão que estou a tomar vinho de categoria rasteira. Talvez seja culpa dos meus porres com Casal Garcia e Calamares. Mas sobre o Pêra Manca, é bom que se diga que se trata de um dos mais prestigiados rótulos portugueses, cuja história remonta ao século 19. Sem entrar nessas reminiscências, o vinho é um corte de aragonês (tinta roriz no Douro e Tempranillo na Espanha) e a trincadeira. Só é vinificado em safras excepcionais. Quando os produtores se convencem que as uvas não vão render o suficiente em qualidade, envazam o vinho como Cartuxa Reserva. Mas não se deixe levar pela fama e a tradição. Vai se deliciar bem mais com rótulos mais simples – e mais acessível. Em tempo: Pêra Manca significa pedra manca, um pedaço qualquer de rocha que se mantém oscilante sobre uma base mais firme. Nada a ver com o cavalo que ilustra o rótulo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Misterioso, mas não tanto!


Meu amigo Evandro Buquera é um apreciador de vinhos e charutos – e a impressão que tenho é que gosta de ambos na mesma proporção. Evoco sua figura por sua predileção por um rótulo argentino, o Alma Negra, rótulo que leva a assinatura da família Catena, no caso, Ernesto. Tenho tomado com freqüência esse vinho em sua casa e a cada taça a impressão que se tem é de que faço descobertas interessantes sobre esse rótulo, propositalmente misterioso. A princípio, o Alma Negra ‘vendeu-se` como uma alquimia impetrável, uma fórmula inalcançável que sustentava sua fama. Em sua elaboração entrariam um mix de uvas primorosamente escolhidas entre parreirais distintos. Sabe-se agora que trata-se de um blend da Bonarda e Malbec, em proporções, claro, desconhecida. Essa confiança nessa mistura das duas variedades que compõem o vinho não tem unanimidade. O próprio Ernesto Catena nem confirma nem desmente essa fórmula – e o Alma Negra segue como um rótulo que merece atenção.